Reflexão de R. C. Sproul – Confiando em Deus nas Calamidades

Dentre os livros da Série Questões Cruciais do R. C. Sproul, o volume de número onze é chamado de “Posso ter Alegria em minha Vida?”, e é uma reflexão deste livro que quero compartilhar com vocês hoje.

Robert Charles Sproul é um Teólogo calvinista, ministro presbiteriano e autor de mais de sessenta livros. Conheça mais sobre ele aqui.

Confiando em Deus nas Calamidades

Um personagem bíblico que revela isto de maneira vívida e pungente é o profeta Habacuque. Ele não se sentiu pessoalmente alegre, quando viu uma nação ser saqueada por um poder estrangeiro. Esta situação gerou todos os tipos de dificuldades teológicas para ele. Num sentido real, Habacuque sofreu uma crise de fé. Ele perguntou a Deus: “Como podes permitir que estas coisas aconteçam? Como poder deixar que o mal e o sofrimento prossigam neste mundo? Tu não és tão santo, que não pode nem contemplar a iniquidade?” Ele disse: “Por-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me dirá e que resposta eu terei à minha queixa” (Hc 2:1).

Deus respondeu ao seu profeta queixoso por se apresentar a Habacuque de uma maneira que foi bem semelhante à maneira como se manifestou a Jó. Depois, Habacuque disse: “Ouvi-o, e o meu íntimo se comoveu, à sua voz, tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e os joelhos me vacilaram, pois, em silêncio, devo esperar o dia da angústia, que virá contra o povo que nos acomete” (Hc 3:16). Habacuque foi tomado pela mensagem de Deus ao ponto de seu próprio corpo tremer.

O livro de Habacuque contém uma frase curta que é citada três vezes no Novo Testamento, e serve como uma afirmação temática na maior obra teológica do apóstolo Paulo, a Epístola aos Romanos (Rm 1:17). Essa frase é: “O justo viverá pela… fé” (Hc 2:4). Poderia ser traduzida desta maneira: “O justo viverá por confiança”. O que significa viver pela fé, senão confiar em Deus? A vida de fé não é apenas crer que Deus existe; é crer em Deus ou confiar em Deus.

Tenho esse diálogo comigo mesmo cada vez que sinto medo: Sproul, você confia realmente em Deus? Você crê nele, quando lhes promete que isto é para o seu bem e, em última análise, para a sua alegria? Somente se cremos em Deus, podemos manter alegria em meio às dificuldades. Como o profeta Habacuque respondeu ao Senhor? Ele disse: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide: o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação” (Hc 3:17-18).

Estas palavras parecem estranhas para nós porque Habacuque viveu há muito tempo, em uma cultura que era bem diferente da nossa. Nunca perdemos o sono à noite, nos preocupando com o florescimento dos figos. Não nos inquietamos pensando se a oliveira dará frutos. Mas, Habacuque era um judeu, e a economia de Israel era agrícola. Figo era um recurso econômico importante, assim como o era o fruto da videira, as uvas das quais o vinho era feito. Você precisa ir apenas ao Napa Valley, na Califórnia, para ver quão importante os vinhedos podem ser para a economia de uma região. Se aqueles vinhedos fossem envenenados ou destruídos por algum tipo de calamidade natural, toda a região sofreria economicamente. De modo semelhante, nos dias de Habacuque, as oliveiras produziam óleo, que era muito importante em Israel. Se as pessoas não estavam engajadas nos vinhedos, estavam cuidando de rebanhos. A pecuária era, também, crucial.

Deixe-me tentar traduzir as palavras de Habacuque em linguagem moderna: “Ainda que a economia agropecuária fracasse, ainda que o mercado de ações quebre, ainda que a indústria automotiva se acabe, ainda que a indústria tecnológica exploda, ainda que todas estas coisas aconteçam, eu me regozijarei no Deus da minha salvação. Eu me alegrarei nele”. Isso é o que ele teria dito, se vivesse no século XXI.

Habacuque continuou, e disse por que se sentia assim: “O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente” (vs. 19). A corça tem os pés muito firmes e pode se locomover como uma cabra montês, nas alturas e em lugares perigosos, atravessando espinhaços estreitos sem cair na destruição. Habacuque disse que Deus tornaria seus pés como os da corça e o faria andar em lugares altos. Ele estava dizendo que, embora sobreviessem calamidades ao seu povo, embora a nação fosse saqueada, embora Israel fosse derrotado na guerra, embora a pestilência, a enfermidade e a violência afetassem tudo, ele não seria lançado no vale, mas Deus faria os seus pés como os da corça, bem firmes, capazes de subir às alturas e aos lugares santos. Deus dá esse tipo de estabilidade, até em meio às calamidades, para aqueles que lhe dão sua atenção e colocam nele sua confiança. Isso é o que Habacuque pretendia dizer, quando falou: “O justo viverá pela fé”. Isso é a base da alegria que temos como cristãos.

Você pode fazer o download deste livro gratuitamente aqui.

Boa Leitura!

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