Reflexão de R.C. Sproul: A Oração muda alguma coisa?

Dentre os livros da Série Questões Cruciais do R. C. Sproul, o volume de número três é chamado de “A Oração Muda as Coisas?”, e é uma reflexão deste livro que quero compartilhar com vocês hoje.

Robert Charles Sproul é um Teólogo calvinista, ministro presbiteriano e autor de mais de sessenta livros. Conheça mais sobre ele aqui.

A Oração Muda Alguma Coisa?

Certa vez, alguém me fez esta pergunta, apenas em termos levemente diferentes: “A oração muda a mente de Deus?” Minha resposta gerou protestos intensos. Eu disse apenas: “Não”. Ora, se a pessoa tivesse perguntado: “A oração muda as coisas?” Eu teria respondido: “É claro que sim!”

A Bíblia diz que há certas coisas que Deus determinou desde toda a eternidade. Essas coisas acontecerão inevitavelmente. Se você orasse individualmente, ou se você e eu uníssemos forças em oração, ou se todos os cristãos do mundo orassem coletivamente, isso não mudaria o que Deus, em seu conselho secreto, determinou fazer. Se decidimos orar em favor de que Jesus não volte, ele voltará apesar disso. Talvez você pergunte: “A Bíblia não diz que, se duas ou três pessoas concordarem a respeito de alguma coisa, elas o receberão?” Sim, a Bíblia diz, mas essa passagem fala sobre disciplina eclesiástica, e não sobre pedidos de oração. Portanto, devemos levar em conta todo o ensino bíblico sobre a oração e não isolar uma passagem das demais. Temos de abordar a questão à luz de toda a Escritura, resistindo a uma leitura separativa.

Nenhum ser humano teve um entendimento mais profundo da soberania de Deus do que Jesus. Nenhum homem orou mais fervorosamente ou mais eficazmente. Até no Getsêmani, ele pediu uma opção, uma maneira diferente. Quando o pedido foi negado, ele se prostrou à vontade do Pai. A soberania de Deus é a própria razão por que oramos, visto que cremos que Deus tem, em seu poder, o ordenar as coisas de acordo com seu propósito. Isto é a essência da soberania de Deus – ordenar as coisas de acordo com seus propósitos. Então, a oração muda a mente de Deus? Não. A oração muda as coisas? Sim, é claro. A promessa das Escrituras é esta: “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16). O problema é que não somos esse tipo de justo. O que a oração muda mais frequentemente é a impiedade e a dureza de nosso coração. Só isso já seria razão suficiente para orarmos, ainda que nenhuma das outras razões fosse válida ou verdadeira.

Em um sermão intitulado “O Deus Altíssimo, Que Ouve Orações”, Jonathan Edwards apresentou duas razões por que Deus requer a oração:

  • No que diz respeito a Deus, a oração é apenas um reconhecimento sensível de nossa dependência dele para a sua glória. Como ele fez todas as coisas para a sua glória, também precisa ser glorificado e reconhecido por suas criaturas; é justo que ele requeira isto daqueles que são objetos de sua misericórdia… é um reconhecimento apropriado de nossa dependência do poder e da misericórdia de Deus para aquilo de que necessitamos, mas também uma honra apropriada prestada ao grande Autor e Fonte de todo bem.
    No que diz respeito a nós mesmos, Deus requer de nós a oração… Orações fervorosas tendem, de muitas maneiras, a preparar o coração. Por meio da oração, desperta-se o senso de nossa necessidade… por meio da oração, a mente é mais preparada para valorizar {a misericórdia de Deus}… Nossa oração a Deus pode despertar em nós um senso e consideração apropriados de nossa dependência de Deus quanto à misericórdia que pedimos, bem como um exercício apropriado de fé na suficiência de Deus, para que sejamos preparados para glorificar o seu nome quando a misericórdia for recebida.
    (The Works of Jonathan Edwards – Carlisle, Pa: Banner of Truth Trust, 1974, 2:116.)

Tudo que Deus faz é, primeiramente, para a sua glória e, em segundo lugar, para nosso benefício. Oramos porque Deus nos ordena orar, porque a oração o glorifica e porque ela nos beneficia.

Você pode fazer a leitura online deste livro aqui.

Grande Abraço!

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