Reflexão Hernandes Dias Lopes – A Máscara da Hipocrisia

A reflexão de hoje é fruto da minha última aquisição, o livro “Removendo máscaras” do Rev. Hernandes. Eu e meu esposo temos uma lista de livros que queremos adquirir, livros que na grande maioria das vezes nosso pastor cita alguns e anotamos para irmos comprando aos pouquinhos.

Hernandes Dias Lopes é pastor titular da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-IPBE, para saber mais sobre o ele clique aqui.

Jesus foi mais duro em suas palavras com os hipócritas do que com ladrões e prostitutas. Estes tinham consciência de que eram desprezíveis. Aqueles também o eram, mas procuravam impressionar com qualidades que não possuíam. Uma prostitua maquiada é menos perigosa do que um hipócrita disfarçado.

Somos quem somos, não o que aparentamos ser. Mas, na realidade, nos admiram e amam pelo que aparentamos. Não é nossa personalidade que é amada, mas a máscara que a encobre. O personagem que representamos no palco da vida, com os cosméticos da vaidade e sob as luzes da autoglorificação, é diferente do “eu” que existe no recesso da nossa intimidade, sem as máscaras da hipocrisia. Nossa verdadeira identidade surge quando estamos sozinhos, longe de casa, da cidade, dos amigos, da igreja, vigilância. Essa personalidade real não é conhecida no palco, mas no recesso da solidão. É conhecida somente quando tiramos as indumentárias de teatro e ficamos totalmente nus sem os cosméticos de uma falsa aparência. Nada há pior do que sermos por fora aquilo que não somos por dentro. Michael Green tinha carradas de razão quando disse que piedade exterior e corrupção interior formam uma mistura revoltante. Na verdade, a hipocrisia é a mentira mais ruidosa.

Essa máscara da hipocrisia pode ser vista na vida de um grande homem: o rei Davi. Ele vivera uma vida bonita. Fora um pastor de ovelhas, um homem de coração íntegro, de conduta irrepreensível, de vida ilibada, de alma piedosa. Amava a Deus. Era um adorador. Tinha sede de Deus. Deus era o deleite da sua alma, o prazer do seu coração, a razão do seu louvor, a esperança da sua vida. Davi era um poeta consagrado, um musicista talentoso, um compositor inspirado que misturava o seu trabalho com a liturgia cultural da sua vida. Era um homem bonito por fora e por dentro. Era o homem segundo o coração de Deus. O Senhor mesmo o chamou dos prados de Belém para ser rei sobre Israel. Deus o burilou e fez dele um grande líder. Deu-lhe riqueza, poder, fama e muitas vitórias.
Davi liderou exércitos, conquistou cidades, edificou um império e manteve-se puro e íntegro. Mas, um dia Davi deixou de vigiar e caiu. Tudo o que ele havia construído, veio abaixo numa noite de paixão e luxúria. Sua queda foi repentina, mas com avisos claros. Ele caiu, mas não sem sinais vermelhos apontando-lhe os perigos. Antes de cair nos braços da amante, Davi caiu nos braços da ociosidade. Antes de deitar-se com a mulher do próximo, ele abafou a voz da consciência. Antes de mandar matar o marido da sua amante, ele matou a sensibilidade da sua alma.

Davi não só adulterou, mas tentou esconder o seu pecado. Ele não queria perder a pose de rei, não queria que as pessoas soubessem de seu abominável adultério e do seu hediondo crime de mandar matar o marido de Bate-Seba. Por isso, botou uma grossa máscara e continuou levando a vida como se tudo estivesse normal. O tempo passava e Davi ainda guardava no abismo do coração o seu pecado secreto. Por dentro estava arrasado, por fora mantinha as aparências. Sua máscara estava bem ajustada. Chegou até mesmo ao desplante de dar uma demonstração de generosidade pública, cansando-se com a viúva desamparada. Estava mesmo determinado a fingir, ainda que seus ossos estivessem secando e seus gemidos lhe consumissem o vigor durante as vigílias da noite. Davi estava se acostumando com a máscara da hipocrisia e assim viveu até o dia em que o profeta Natã foi lhe visitar.

Natã antes de confrontar Davi, desperta a sua consciência anestesiada. Contou-lhe uma história cheia de profundas emoções. Falou-lhe de um fazendeiro rico e sem piedade que ao receber um ilustre visitante, em vez de matar uma das suas muitas ovelhas para banquetear-se com o amigo, vai à casa do vizinho pobre e mata a sua única ovelhinha, que ele criara com tanto amor, que crescera junto com os seus filhos. Davi irou-se ao ouvir tão clamorosa injustiça. Ele não podia tolerar que no seu reino alguém agisse de forma tão cruel e logo sentenciou: “Este homem deve morrer.”, Natã não se fez esperar, e disse: “Davi, tu és este homem”.

A máscara da hipocrisia levou Davi a enxergar a gravidade do pecado de outrem, mas não os seus. Ele condenou aquilo que ele mesmo estava praticando. Essa é a vida do hipócrita: enxergar o cisco no olho do próximo e não ver o argueiro no seu. O hipócrita é implacável com os outros e condescendente consigo. Ataca o pecado como um escorpião no deserto, mas esconde o seu pecado. Tem capacidade de vasculhar a vida alheia, mas não de fazer um auto-exame. O grande rei Davi tornou-se hipócrita. Passou a viver uma mentira, a representar um papel, a ser um ator, a usar uma máscara para esconder a sua verdadeira identidade. A sinceridade do povo que acreditava em sua integridade, reprovava a sua hipocrisia. Seu coração corrupto o enganou até que, confrontado, libertou-se das algemas do pecado.

No Youtube você também encontra várias reflexões do Rev. Hernandes, é só acessar aqui.

Grande Abraço.

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